Arte e aids são tema de mesas de debate no Distrito Federal

Posted in Sugestão da casa on abril 4, 2010 by claesen

arte-aids

Em todas as quartas-feiras de abril, às 19h, obras de arte que falam de HIV/aids dentre homens que fazem sexo com homens serão tema de debate no Distrito Federal. O conjunto de bate-papos “A – Arte e Aids”, promovido pela ONG Palco Comparsaria Primeira de Talentos, falará sobre cinema, música, artes plásticas e literatura. Um tema a cada encontro. Todos com foco na vivência gay, bissexual masculina ou simplesmente de homens que fazem sexo com homens.

O objetivo, explica o coordenador de eventos da ONG, Sérgio Machado, é ver como diferentes criações em cada área falam da epidemia. E aí há lições de superação, perda, medo, força e esperança. Filmes tais como Filadélfia, o cantor Cazuza e obras do americano Keith Haring são exemplos de pontos para a discussão.

O evento é gratuito e será realizado a partir das 19h30 no SCS, Ed. JK, Sala 131.

Num ano de britânicos, Kate Winslet é a grande estrela do Globo de Ouro

Posted in Buffet variado with tags , , , , , , , , , , , , , , , on janeiro 12, 2009 by claesen

katewinslet

“Vocês têm que me desculpar, porque eu tenho o hábito de não ganhar as coisas”. Foi dessa maneira que a britânica Kate Winslet começou seu agradecimento ao receber o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante por The Reader. O que Kate não poderia imaginar é que a 66ª cerimônia de entrega do prêmio da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood estava determinada a corrigir o erro ignóbil de sempre ignorá-la. Dez minutos antes do final das longas três horas de premiação, a atriz foi reconhecida novamente, dessa vez com o prêmio de melhor atriz de drama por Revolutionary Road, no qual é dirigida por seu marido, Sam Mendes.

Se era dado como certo de que Meryl Streep venceria em pelo menos uma das categorias em que era indicada – melhor atriz de drama e melhor atriz de comédia/musical – muitos esqueceram de apostar em Kate. Afinal, na categoria principal ela teria que bater, além de Meryl – sempre ótima -, em Angelina Jolie num excelente desempenho, e ainda na queridinha da crítica, Anne Hathaway.  E o furacão britânico atropelou não só as americanas, como também a espanhola Penélope Cruz,  favorita absoluta na categoria coadjuvante. Kate fez história ao receber dois prêmios de atuação, no mesmo veículo – cinema -, no mesmo ano. Vai ser difícil ela não receber sua primeira estatueta do Oscar no próximo mês.

Emocionante também foi a surpresa de Sally Hawkins, outra britânica, ao receber seu globo de melhor atriz de comédia/musical, por Happy-Go-Lucky. E a elas se juntou mais um britânico: Danny Boyle. Quem diria que o homem que fez Transpotting e Cova Rasa um dia estaria como o mais premiado de uma noite tão estrelada em Hollywood? Seu filme, Slumdog Millionaire, levou para casa os quatro prêmios em que concorria: melhor filme – drama, diretor, roteiro e trilha sonora.

Confirmando o previsto, o australiano Heath Ledger recebeu o globo póstumo de ator coadjuvante merecidamente por Batman – O Cavaleiro das Trevas, a Pixar arrebatou melhor animação para WALL-E e o supervalorizado Vicky Cristina Barcelona o de melhor filme – comédia/musical. The Wrestler levou a melhor canção para o tema homônimo composto por Bruce Springsteen e também o melhor ator em drama para Mickey Rourke. Engraçado foi ver Rubens Ewald Filho, na transmissão pela tevê, desancando Rourke. “Esquisitão” foi o adjetivo mais sutil usado pelo crítico. A língua venenosa de Ewald estava afiada e sobrou também para Laura Dern (“mas que pena , uma atriz tão boa, feia né?”) e muitas alfinetadas na HBO.

Colírio para os olhos, o irlandês Colin Farrell, que parecia ter feito um curso com Nicole Kidman do tipo “como ser bom ator e se envolver em 38 filmes ruins consecutivamente”, arrebatou o prêmio em comédia/musical por Na Mira do Chefe, jogando a má sorte de lado. Espero que ele não se inscreva agora no curso que a minha querida Julianne Moore ministra chamado “como ser excelente atriz e só se envolver em produções cujos temas ou papéis sejam polêmicos e mal vistos pelo grande público”.

Apesar de demorada, foi bom ver, além de algumas ótimas escolhas, várias veteranas no mesmo lugar. Meryl Streep, Glenn Close, Shirley MacLaine, Susan Sarandon, Emma Thompson, Jessica Lange, Sally Field, Eileen Atkins. Vamos combinar que se caísse uma bomba durante a cerimônia, Hollywood não teria quem fizesse os papéis de vovós a partir de 2010. Ah sim. Judi Dench não foi. Bem, ela teria que se desdobrar bastante no futuro. Graças a Deus, tudo correu em paz.

Daqui a duas semanas, é a vez do SAG Awards, o prêmio do Sindicato dos Atores. Como bem disse Leonardo Cruz na Folha deste domingo, lugar-comum e pura besteira achar que Globo de Ouro é uma prévia do Oscar. Há muito tempo que não é mais assim. Os prêmios dos sindicatos sim, revelam a verdadeira tendência dos votantes, uma vez que quase todos eles são filiados em seus respectivos sindicatos. Para os Globos, fica a fama da festa importante mais informal de Hollywood, os agradecimentos longos, as quebras de protocolo e muito pouca tendência. Mas Kate está dentro. Isso é certeza.

Melhores do Ano no Cinema

Posted in Buffet variado with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on janeiro 3, 2009 by claesen

Apesar do Digestão ainda não ter completado um ano, o meu Claesen Awards para os melhores do cinema existe há bastante tempo.  Difícil para um cinéfilo não sair do cinema sem dar estrelinhas para um filme, sem elencar mentalmente as melhores qualidades do que acabou de assistir e também fazer, no final do ano, uma lista com o que de melhor viu e compará-la com a de outros cinéfilos e com os prêmios americanos.

Dezenas de anotações depois, mais de uma centena de filmes vistos, eis os melhores do ano divididos em 21 categorias, a maioria delas inspirada no Oscar, acrescidas de mais quatro que sempre gostei de fazer:

 MELHOR FILME

  • Do Outro Lado
  • Gomorra
  • O Segredo do Grão
  • Sinédoque, Nova York
  • Sweeney Todd

     O MELHOR FILME

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      Sinédoque, Nova York

MELHOR DIRETOR

  • Abdellatif Kechiche (O Segredo do Grão)
  • Charlie Kaufman (Sinédoque, Nova York)
  • Fatih Akin (Do Outro Lado)
  • Matteo Garrone (Gomorra)
  • Tim Burton (Sweeney Todd)

O MELHOR DIRETOR

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        Charlie Kaufman

 

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • A Era da Inocência
  • Do Outro Lado
  • O Segredo do Grão
  • Queime Depois de Ler
  • Sinédoque, Nova York

O MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

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Sinédoque, Nova York

 

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • Desejo e Reparação
  • Gomorra
  • Longe Dela
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Sweeney Todd

        O MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

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Desejo e Reparação

 

MELHOR ATOR

  • Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)
  • Johnny Depp (Sweeney Todd)
  • Marc Labreche (A Era da Inocência)
  • Philip Seymour Hoffman (Sinédoque, Nova York)
  • Sam Riley (Control)

                                                                                                 O MELHOR ATOR

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Johnny Depp

 

MELHOR ATRIZ

  • Anne Hathaway (O Casamento de Rachel)
  • Ellen Page (Juno)
  • Helena Bonham-Carter (Sweeney Todd)
  • Julianne Moore (Ensaio Sobre a Cegueira)
  • Leandra Leal (Nome Próprio)

A MELHOR ATRIZ

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Julianne Moore

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Brad Pitt (Queime Depois de Ler)
  • Heath Ledger (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
  • Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)
  • Ralph Fiennes (A Duquesa)
  • Tommy Lee Jones (Onde os Fracos Não Têm Vez)

O MELHOR ATOR COADJUVANTE     

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Heath Ledger

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Frances McDormand (Queime Depois de Ler)
  • Romola Garai (Desejo e Reparação)
  • Rosemarie DeWitt (O Casamento de Rachel)
  • Samantha Morton (Sinédoque, Nova York)
  • Sandra Corvelone (Linha de Passe)

      A MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

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Samantha Morton

 

MELHOR SEQUÊNCIA DRAMÁTICA

  • A explosão de gás (Sangue Negro)
  • Dança do ventre (O Segredo do Grão)
  • Primeiro dueto (Once – Apenas uma Vez)
  • Rock’n’Roll Queen (Rocknrolla)
  • Sequência final (Hanami – Cerejeiras em Flor)

A MELHOR SEQUÊNCIA DRAMÁTICA    

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Hanami – Cerejeiras em Flor

 

MELHOR SEQUÊNCIA CÔMICA

  • Dancing Queen (Mamma Mia!)
  • Esclarecimento para as amigas (Irina Palm)
  • Loja de tortas (Sweeney Todd)
  • Primeira punheta (Irina Palm)

A MELHOR SEQUÊNCIA CÔMICA

Sweeney Todd

 

ATOR MAIS GOSTOSO

  • Brad Pitt (Queime Depois de Ler)
  • James McAvoy (O Procurado)
  • Jason Lewis (Sex and the City – O Filme)
  • Tom Hardy (Rocknrolla)
  • Will Smith (Hancock)

   O ATOR MAIS GOSTOSO

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Tom Hardy

 

ATRIZ MAIS GOSTOSA

  • Angelina Jolie (O Procurado)
  • Ludvigne Seigner (Uma Mulher Dividida em Dois)
  • Natalie Portman (Um Beijo Roubado)
  • Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
  • Rachel Bilson (Jumper)

           A ATRIZ MAIS GOSTOSA

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Angelina Jolie

 

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

  • Batman – O Cavaleiro das Trevas
  • Desejo e Reparação
  • Elizabeth – A Era de Ouro
  • Sinédoque, Nova York
  • Sweeney Todd

          A MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

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Sweeney Todd

 

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Ensaio Sobre a Cegueira
  • Gomorra
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Sweeney Todd
  • Um Beijo Roubado

A MELHOR FOTOGRAFIA

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Um Beijo Roubado

 

MELHOR FIGURINO

  • A Duquesa
  • Desejo e Reparação
  • Elizabeth – A Era de Ouro
  • Sex and the City – O Filme
  • Sweeney Todd

       O MELHOR FIGURINO

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Elizabeth – A Era de Ouro

 

MELHOR MONTAGEM

  • Batman – O Cavaleiro das Trevas
  • Desejo e Reparação
  • Gomorra
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Sinédoque, Nova York

     A MELHOR MONTAGEM

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Onde os Fracos Não Têm Vez

 

MELHOR TRILHA SONORA

  • Desejo e Reparação
  • Once – Apenas Uma Vez
  • Rocknrolla
  • Sinédoque, Nova York
  • Sweeney Todd

     A MELHOR TRILHA SONORA

Desejo e Reparação

 

MELHOR CANÇÃO

  • “Falling Slowly”, Glen Hansard & Markéta Irglová (Once – Apenas uma Vez)
  • “If You Want Me”, Glen Hansard & Markéta Irglová (Once – Apenas uma Vez)
  • “I’m a Man”, Black Strobe (Rocknrolla)
  • “Tire Swing”, Kimya Dawson (Juno)
  • “When Your Minds Made Up”, Glen Hansard & Markéta Irglová (Once – Apenas uma Vez)

     A MELHOR CANÇÃO

“Falling Slowly” – Once – Apenas uma Vez

MELHOR SOM

  • Batman – O Cavaleiro das Trevas
  • Gomorra
  • Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
  • Onde os Fracos Não Têm Vez
  • Sweeney Todd

   O MELHOR SOM

Batman – O Cavaleiro das Trevas

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Batman – O Cavaleiro das Trevas
  • Hancock
  • Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
  • Jumper
  • O Procurado

        OS MELHORES EFEITOS VISUAIS

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • Eu Sou Porque Nós Somos
  • Fumando Espero
  • Patti Smith – Sonho de uma Vida
  • Shame

         O MELHOR DOCUMENTÁRIO

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Shame 

Balanço geral

No final das contas, os favoritos foram:

Sinédoque, Nova York que ficou com 4 prêmios de suas 8 indicações;

Sweeney Todd com 3 de 11 indicações;

Batman – O Cavaleiro das Trevas com 2 de  5 indicações;

e Desejo e Reparação com 2 de 5 indicações.

Um ano com vários bons roteiros originais, excelentes atrizes (tanto entre as protagonistas como entre as coadjuvantes inúmeras boas ficaram de fora) e uma dúzia de trilhas sonoras inesquecíveis –  tão díficil quanto escolher as cinco finalistas foi ter optar por uma delas, mas creio que a de Desejo e Reparação inscreve-se na história do cinema mundial e não podia passar em branco.

É isso. Desejo a todos um 2009 abarrotado de filmes incríveis e inesquecíveis para cada um!

Os Melhores do Ano na Música

Posted in Buffet variado with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 30, 2008 by claesen

 

Apesar de estar um pouco distante do Digestão nos últimos meses, em boa parte de 2008 falamos bastante de música por aqui. Novos vídeos, novos álbuns, bandas do mainstream ou pouquíssimo conhecidas garimpadas pelo mundo afora. Pois bem, o post de hoje traz o que de melhor rolou na música neste ano na opinião deste blog.

MELHOR BANDA REVELAÇÃO

thelastshadowpuppets

Assumindo suas raízes pop ou resgatando elementos rock dos 70’s ou dos até 60’s, duas bandas britânicas, duas americanas (com metade brasileira) e uma norueguesa foram os destaques do ano:

1. The Last Shadow Puppets

2. Blondfire

3. The Ting Tings

4. The Micropops

5. MGMT

MELHOR CANTORA REVELAÇÃO

santogold

Num ano em que tantas britânicas despontaram (Adele, Estele, Leona Lewis), este Top 5 vai também do resgate dos 60’s a uma quase (eu disse quase) cópia perfeita dos 80’s.  Bastante cosmopolita, a lista traz uma americana, uma britânica, uma sueca, uma norueguesa e uma neozelandesa:

1. Santogold

2. Lykke Li

3. Duffy

4. Ida Maria

5. Ladyhawke

MELHOR VÍDEO

Se no ano passado tivemos o sensacional clipe do Justice e a alegria coreografada da Feist, em 2008 as idéias ficaram mais modestas.  No entanto, substituindo as câmeras por scanners e lasers na captação das imagens, é difícil não escolher Radiohead (que chega ao Brasil em março) como o vencedor na categoria. Uma brincadeira com tarjas pretas que recobrem um montão de gente pelada, uma maçã como centro do universo e a luta altamtente sexy entre dois garotos estão entre os escolhidos do ano (clique no título para ver o vídeo):

1. Radiohead, “House of Cards”

2. Santogold, “L.E.S. Artistes”

3. The BPA, “Toe Jam”

4. The Presets, “This Boy’s in Love”

5. Weezer, “Pork & Beans”

6. Yeasayer, “Wait for the Summer”

7. Keane, “Spiralling”

8. Ladytron, “Runaway”

9. Roisín Murphy, “Movie Star”

10. R.E.M., “Man-Sized Wreath”

MELHOR ÁLBUM

Em 2008, muita gente achou o hype em torno dos aussies Cut Cupy (da mesma terra do The Presets) um exagero, teve gente que não se dobrou ao MGMT, que passou pelo Brasil, assim como o neo-disco do Glass Candy. Os Ting Tings viraram mainstream num piscar de olhos, parando até em trilha de novela global. Outros não acharam os recentes trabalhos de Ladytron e Madonna à altura de sua discografia. Do cinema, um delicado filme, Once, ganhou Oscar de melhor canção e trouxe uma trilha irrepreensível. Falem o que quiserem, mas o álbum do Blondifre (banda composta por dois irmãos com ascendência brasileira) é uma coleção de pérolas pop, definidos lá fora como uma banda sexy e intoxicante. E ainda tem The Last Shadow Puppets, que reuniu os vocalistas do Arctic Monkeys, Alex Turner e The Rascals, Miles Kane e conseguiu ser tão boa (ou até mais) que as bandas originais. Segue o Top 10:

1. The Last Shadow Puppets, “The Age of Understatement” (acima)

2. Blondfire, “My Someday”

3. Ladytron, “Velocifero”

4. Glen Hansard & Marketa Irglová, Trilha Sonora do Filme “Once – Apenas uma Vez”

5. The Presets, “Apocalypto”

6. Cut Copy, In Ghost Colours

7. Glass Candy, B/E/A/T/B/O/X

8. The Ting Tings, “We Started Nothing”

9. Madonna, “Hard Candy”

10. MGMT, “Oracular Spectacular”

MELHOR CANÇÃO

Sem sombra de dúvida, a categoria mais difícil. Apesar de muitos críticos resmugarem de que não foi um ano de músicas que entrarão para a história, diversas canções marcaram o ano e, se elas tornar-se-ão inesquecíveis ou não, o tempo irá dizer (clique no título para conhecê-las):

1. The Last Shadow Puppets, The Age of Understatement

2. Glen Hansard & Markéta Irglová, Falling Slowly

3. MGMT, Time to Pretend

4. Glass Candy, Beatific

5. Hercules & Love Affair, Blind

6. The Last Shadow Puppets, Standing Next to Me

7. Blondfire, Pretty Young Thing

8. Miss Kittin, Grace

9. Blondfire, All in My Mind

10. The Ting Tings, Great DJ

BÔNUS

Completam a lista das melhores, numa espécie de Top 23:

Glass Candy, Candy Castle

MGMT, Electric Feel

Madonna, Heartbeat

Cut Copy, Lights and Music

Ladytron, Black Cat

Ladytron, Versus

Hot Chip, Ready for the Floor

M83, Kim & Jessie

The Ting Tings, That’s Not My Name

The Presets, This Boy’s in Love

Miss Kittin, Kittin Is High

Neon Neon, I Lust U

Femme Fatale, Berlin

BÔNUS BÔNUS

Integram uma espécie de Top 55:

Lykke Li, I’m Good I’m Gone

Black Ghosts, Someway Through This

Keane, Spiralling

The Last Shadow Puppets, Calm Like You

Santogold, L.E.S. Artistes

MGMT, Kids

The Micropops, Moonlight

Cajun Dance Party, Time Falls

Blondfire, My Someday

Glen Hansard & Markéta Irglová, If You Want Me

Michael Cera & Ellen Page, Anyone Else But You

Ida Maria, Queen of the World

Death Cab for Cutie, I Will Possess Your Heart

Blondfire, Oxygen

Empire of the Sun, Walking on a Dream

Cut Copy, Feel the Love

The Last Shadow Puppets, My Mistakes Were Made for You

Madonna, Candy Shop

Sam Sparro, Black and Gold

Cajun Dance Party, The Next Untouchable

Veto, Duck Husk and Be Still

Glen Hansard & Marketa Irglová, When Your Minds Made Up

CSS, Rat Is Dead

Glasvegas, Daddy’s Gone

Kymia Dawson, Tire Swing

The Raveonettes, Aly, Walk With Me

Duffy, Mercy

The Ting Tings, Shut Up and Let Me Go

Ladytron, Runaway

The Last Shadow Puppets, In My Room

Ladytron, Predict the Day

Au Revoir Simone, Fallen Snow

Madonna no Brasil: she takes my breath away

Posted in Música with tags , , , on dezembro 19, 2008 by claesen

 

Madonna kicks off her highly anticipated Sticky & Sweet Tour promoting Number One album Hard Candy at the Millennium Stadium on August 23, 2008 in Cardiff, Wales.

Foi uma espera longa. Depois do vexame de ter fechado contrato para se apresentar no Brasil e de ter voltado atrás em 2006 (porque o Japão ofereceu mais dinheiro), Madonna resolveu dar o ar da graça. Dessa vez com a Sticky & Sweet Tour. Quinze anos nos separavam de sua passagem por aqui, quando, lá no distante novembro de 1993, ela fez um show no Maracanã e outro no Morumbi.

Depois do lançamento de seu mais recente álbum (Hard Candy) em abril, da correria e confusão para comprar os ingressos para a turnê em setembro, de termos sido bombardeados o ano todo pelo cumpleaños mais famoso da década – os 50 anos da diva – e vermos especiais sobre a cantora em todas as mídias possíveis, confesso que estava de saco cheio de ouvir um assobio que fosse de Give it 2 Me na fila do metrô.

É duro ter que assumir, mas a balbúrdia toda em torno dela justifica-se. No país desde sexta-feira, dia 12, a Rainha do Pop é o assunto principal no eixo Rio-São Paulo. No Rio, no último fim de semana, onde quer que você estivesse, só se falava em Madonna. Ingressos para os seus shows eram vendidos por cambistas na praia ao lado das atrações turísticas da cidade, como o Pão de Açúcar, por exemplo.

Lugar-comum dizer que choveu em sua primeira apresentação no país. As imagens de um integrante do staf dela empunhando um guarda-chuva para proteger a pop star em suas performances na passarela central do palco foi destaque em diversos veículos de comunicação. Foi tudo em grande escala: muita chuva, muitas celebridades, muitíssimo bem organizado (pelo menos a área vip), muita empolgação do público e muita simpatia da cantora. Musiquinha improvisada para parar a chuva no show domingo, camiseta do Brasil na segunda e muitos sorrisos em ambos os dias.

Para quem, como eu, achava que o Rio seria a única exceção de um show milimetricamente ensaiado que não dá vazão a nenhum improviso, cometeu um engano. Em São Paulo, a mulher foi ainda mais simpática, mais carismática e quebrou seu próprio protocolo de novo.

A espera cansativa ao extremo e angustiante – antes do show a xingávamos de todos os nomes e a vaiávamos – foi objeto de uma grande mágica. Foi só a mulher aparecer no seu trono e dar uma piscadinha para nós que nos derretemos todos, tal qual uma verdadeira mulher de malandro.

A sensação de estarmos diante da mulher mais famosa e poderosa da música é única. Se ela resolve fazer uma reverência ao seu público, aliando seu altíssimo aparato técnico com uma dose considerável de emoção, aí então ela nos pega pela proa e não sobra mais nada. Estamos entregues.

Bem diferente da Madonna de 1993, altamente sexy com seus figurinos fetichistas da época de Erótica, mas bastante distante do público, agora pude revê-la no mesmo lugar e me deparar não só com um show diferente, mas também com uma nova cantora. Há defeitos, claro. Ela desafina algumas vezes, o figurino da última parte do show é de gosto duvidoso (o que são as ombreiras em 4 minutes a la Janet Jackson, minha gente?), a última canção, Give it 2 Me, carece de uma coreografia melhor e jamais deveria ser o encerramento e ela usa base vocal pré-gravada (um eufemismo para o playback) em várias canções. Mas nada disso importa quando estamos diante dela.

Em You Must Love Me, a emoção aflorou até na super controlada e técnica pop star. As lágrimas estavam prestes a inundar os seus olhos (nos de muita gente, como eu, inundaram fácil antes do metade da canção). Como um ser criado nos anos 80, o segundo bloco do show, é o meu favorito. É nele que Madonna pula corda ao som da clássica Into the Groove, desmonta suas cópias em She’s Not Me (foi nesta canção que ela caiu no palco no primeiro show do Rio) e empunha guitarra para uma versão deliciosa de Borderline.

Mas nada chega perto da comoção quando, no quarto e último bloco, ela canta Like a Prayer. Um dos seus maiores hits e uma das maiores pérolas da música pop de todos os tempos, a canção quase põe abaixo o Morumbi. Lembro-me de uma passagem de Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor, quando, lembrando de seu primeiro orgasmo, a personagem feminina descreve que na hora pensava “o que está acontecendo? É carnaval? É São João? É Sete de Setembro?” tamanho o delírio que sentia. Like a Prayer é isso. Pular e gritar junto a milhares de pessoas envoltos na mesma energia causa uma sensação fora do controle, fora da razão.

No show desta quinta-feira, ainda tive o prazer de ver Madonna pronunciar o meu nome, mesmo que não tenha sido para mim. No momento em que ela dá voz à audiência para que possamos pedir uma canção – que ela canta à capella – um xará desse jornalista foi o escolhido. Madonna não entendeu muito bem o nome, mas não importa. A canção escolhida foi Like a Virgin, o clássico dos clássicos de uma carreira com mais auges do que fracassos, mais sucessos do que qualquer Whitney, Barbra ou Mariah possam ter, mais polêmicas do que qualquer Amy ou Britney tenham proporcionado, mais reinvenções do que qualquer artista tenha feito.

Citando uma frase cujo autor eu desconheço, “a vida não se conta pelas vezes que respiramos, mas pelos momentos em que nos faltam o ar”. E um show de Madonna é um desses raros e inesquecíveis momentos (junto com apenas mais uns cinco ou seis) para se levar para a vida toda.

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Feliz Natal: A celebração tem gosto amargo

Posted in A la carte with tags , , on novembro 25, 2008 by claesen

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Não me pareceu uma tarefa fácil resenhar Feliz Natal, estréia na direção do ator Selton Mello. O longa assemelha-se àquelas equações matemáticas em que um lado contrabalanceia o outro: tem tantas qualidades quanto defeitos.

A história que o mineiro Selton escolheu para contar parece simples. Caio (Leonardo Medeiros, que protagoniza seu terceiro longa só neste ano) volta à cidade para rever a família e os amigos na noite de natal. Sua mãe, Mércia (Darlene Glória, magnífica), mistura tantos remédios com álcool que mal consegue separar realidade de delírio e vaga pela casa dizendo verdades num misto de frustração e um êxtase felliniano; o pai, Miguel (Lúcio Mario), preocupa-se em satisfazer sua nova mulher, décadas mais nova, e o irmão Theo (Paulo Guarnieri, num belo retorno às telas) equilibra-se entre a vaidade do pai, a loucura da mãe e a insatisfação da esposa Fabiana (Graziella Moretto). Todos imensamente infelizes e frustrados.

Com um ótimo domínio da câmera, o diretor vai explorando esse universo onde tudo está prestes a ruir e um fato no passado de Caio, e que o fez afastar-se de todos, ainda está distante de ser apaziguado.

Apesar de um elenco bem escolhido e com estilo de sobra, a montagem atrapalha. Com tempos mortos demais, por vezes arrastado, o filme torna-se quase inacessível à boa parte do público. A trilha, muito simples, de início passa a sensação certa de desolação e frustração dos personagens, mas Feliz Natal não é Réquiem para um Sonho (para citar um exemplo desta década) em que uma trilha repetida à exaustão atinge seu auge no final. No longa de Selton, a música torna-se cansativa e sufocante. Tivesse livrado-se dela, a la irmãos Dardenne, talvez produzisse um efeito mais seco e devastador.

A cena tão polêmica da nudez de Graziella Moretto, que teria provocado um discurso inflamado do namorado Pedro Cardoso, não parece nada descabida.  Delicada, de forma alguma gratuita. Aliás, arrisco a dizer que sem a tão famosa cena o seu personagem seria mal-compreendido.

Num ano em que tantos atores resolveram arriscar-se a contar histórias do outro lado da câmera, a comparação com o longa de Matheus Nachtergaele, A Festa da Menina Morta (também irregular, porém muito bem-vindo), é inerente. Equacionando erros e acertos, Feliz Natal é uma bela e promissora estréia.

Cotação (de 0 a 5): 3,5

CatPeople: Não é um Interpol, mas vale um play

Posted in Al dente with tags , , on novembro 23, 2008 by claesen

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Enquanto o site novo não fica pronto e o Digestão mal tem sido atualizado, a categoria música é a que mais sofre por aqui. Depois de algum tempo, voltamos a falar sobre algumas novas bandas.

Hoje, temos o CatPeople (não confundir com a Cat Power), que não é exatamente algo novo. Em seu segundo álbum, What’s The Time Mr Wolf?, a banda de Barcelona bebe no new wave e também no pós-punk do Joy Division e segue a linha Interpol-Editors-She Wants Revenge. Já tocaram para mais de 20 mil pessoas ao lado do Pet Shop Boys (que bem poderiam passar pelo Brasil já que os anos 80 têm baixado em peso por aqui).

Eis o primeiro single do álbum, Sister.

Vicky Cristina Barcelona e A Duquesa: Threesomes através dos séculos

Posted in A la carte with tags , , , , , , on novembro 21, 2008 by claesen

VICKY CRISTINA BARCELONA

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Todos já sabem que Vicky Cristina Barcelona é o quarto filme de Woody Allen fora dos Estados Unidos e o seu primeiro na Espanha. Também já comentou-se muito sobre o fato de que Woody não dissimula seu olhar turístico sobre Barcelona, o beijo de Scarlett Johansson e Penélope Cruz e a possível indicação ao Oscar desta última. Excetuando tudo isso, o que resta a falar? Pouca coisa.

Se em Manhattan os seus personagens apresentavam várias e ricas camadas de complexidade (afinal, Woody sempre quis ser Bergman) e seus caracteres muitas vezes eram de uma engenhosidade saborosa, em Barcelona tudo tem o mesmo tom e os estereótipos dominam o ensolarado longa (aqui, ensolarado, infelizmente, é apenas no sentido denotativo da palavra mesmo).

Cristina (Scarlett em seu terceiro filme com o diretor) é tão charmosa quanto um maço de brócolis. E não há densidade alguma na personagem. Ela é apenas uma garota que ainda não se encontrou. Juan Antonio (Javier Bardem) e Maria Elena (Penélope) são pintores espanhóis viscerais, autênticos, calientes. Mais lugar-comum impossível. A única personagem que recebe pinceladas menos óbvias é Vicky (Rebecca Hall), que forma com Cristina a dupla americana que irá passar um verão na terra de Gaudi e envolver-se-á com o casal local citado acima.

As interpretações não se sobressaem (Scarlett está apagadíssima) e nem mesmo a comentada perfomance de Penélope merece destaque. Ela está bem, mas nada que valha uma indicação à academia. No entanto, a julgar pelo histórico que Allen tem de conseguir inúmeras indicações e prêmios para suas atrizes coadjuvantes (vide Dianne Wiest, Mariel Hemingway, Mira Sorvino, Judy Davis, entre outras) e com um boca-a-boca bem favorável, não me espantarei se vir Penélope nas premiações deste ano.

Clichês demais, roteiro de menos, fica uma frase dita por Scarlett e que traduz seu personagem, “não sei o que quero, mas sei o que não quero”. Eu também. E não é esse Woody que quero.

Cotação (de 0 a 5): 2,5

A DUQUESA

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Se em Vicky Cristina Barcelona o threesome se consome e é pleno no pouco tempo em que dura, em A Duquesa é o inverso: há uma relação a três que não satisfaz todos os integrantes e ele persiste por muito, muito tempo.

Baseado no romance de Amanda Foreman, o longa do britânico Saul Dibb, conta a história de Georgiana Spencer, a Duquesa de Devonshire. A duquesa, que realmente existiu, era uma daquelas moças educadas para agradar.  Conseguir um bom casamento e dar um filho homem ao marido resumia tudo o que uma mulher podia almejar; ai de quem não se contentasse com isso. E Georgiana ousou ser insatisfeita.

Demora-se um tempo considerável até compartilharmos com a moça o seu drama e o karma a que está inexoravelmente atrelada. Durante parte do filme, direção e atores nos distanciam de tal forma, que apenas contemplamos mais uma história de mulheres muito bem adornadas por fora, mas secas e pobres por dentro. No entanto, a certa altura do longa, a montagem e a trilha ditam um ritmo encorpado e as intepretações transformam-se. O que eram frívolos suspiros de impassividade da duquesa (Keira Knightley) torna-se uma atuação tão desafiadora quanto o personagem e o que era apenas uma interpretação correta de um ser desagradável como o duque (Ralph Fiennes) passa a ser uma brilhante perfomance de um personagem que se mostra em pequenos detalhes. Não à toa, ambos, Keira e Ralph, estão cotados ao Oscar deste ano. Não imagine a categoria de melhor figurino sem A Duquesa entre os indicados. Eles são impecáveis, em particular os vestidos e perucas de Georgiana, que era referência de moda em sua época.

Se irregular em sua abordagem, A Duquesa é competente ao mostrar que, no fundo, a nobreza não mudou em nada.

Cotação (de 0 a 5): 4,0

Mostra de SP: Balanço e curiosidades da 32ª edição

Posted in Buffet variado with tags on novembro 5, 2008 by claesen

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Quarenta filmes, duas credenciais, uma pequena inflamação na garganta (devido ao ar-condicionado) e um dinheiro considerável gasto em donuts, cafés e chocolates entre uma sessão e outra, chegou ao fim a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

A repescagem vai até a próxima quinta-feira, mas dá para fazer um balanço do que aconteceu nessas quase três semanas de Mostra.

Surpresa ter visto fora da premiação o tão bem comentado pelo corredores filme cazaque Tulpan. Assim como o alemão, O Estranho em Mim, do qual pouco se falou e acabou vencendo o prêmio do júri. O comentário geral é de que não foi um ano de grandes filmes, de muita coisa que será retida na retina para sempre. Mas, se faltaram filmes inesquecíveis, diversas boas produções apareceram, seja do meio alternativo americano, dos tradicionais redutos europeus ou de países mais distantes. Infelizmente, para quem não frequentou, fica a triste notícia: muito do que se viu jamais irá estrear nos cinemas. Hoje em dia, até filmes de diretores premiados e conhecidos não encontram espaço no circuito (alguém saberia dizer quando Lust, Caution do Ang Lee ou Sonhando Acordado do Michel Gondry, ambos presentes na Mostra do ano passado, por exemplo, irão estrear?), o que dirá, então, de filmes de países como Suiça, Bolívia, Índia ou Sri Lanka?

É necessário parabenizar a excelente organização com os já famosos atrasos e cancelamentos das sessões reduzidos ao mínimo possível neste ano e ao bom atendimento de todos os profissionais que trabalharam no evento. A Mostra volta só em 2009, mas ainda este mês São Paulo recebe um braço do mineiro Festival Indie, o Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual e o Festival do Cinema Francês. Cinfélios, recuperem-se rápido porque há mais coisas interessantes chegando.

DUAS ATITUDES BIZARRAS QUE COMBINARAM MUITO COM OS FILMES QUE ESTAVAM SENDO APRESENTADOS:

– Na sessão lotada do violentíssimo Gomorra, uma espectadora, inconformada com o falatório de dois rapazes – que estavam sentados bem à minha frente -, levantou-se e despejou parte do conteúdo de uma garrafa de água na cabeça de um deles e voltou ao seu lugar. O cara imediatamente levantou-se, pegou-a pelos braços enfurecido e começou a sacudí-la. A turma do deixa-disso entrou em ação e um minuto depois o cinema estava calmamente assistindo à violência – agora somente a dos italianos da tela.

– Numa sessão vespertina do moderno Se Nada Mais Der Certo, depois de uma hora de exibição, o filme começou a passar de trás para frente e de ponta-cabeça. Sim, as duas coisas ao mesmo tempo! Como estávamos vendo um filme de montagem acelerada, todos pensamos que se tratava da “proposta do diretor”. Até que quinze minutos depois, um funcionário da Mostra aparece, pára o filme e acende as luzes pedindo desculpas. A platéia inteira se olhou e caiu na gargalhada, já que pensávamos que se tratava de uma proposta inovadora e não passou pela cabeça de ninguém reclamar da projeção! rsrs

Até a próxima!

 

Documentários da Mostra: Madonna, Patti Smith, Mukhtaran Mai e os fantasiados da calçada da fama

Posted in A la carte with tags , , , , , , on outubro 30, 2008 by claesen

Confissões de Super-Heróis

O documentário de Matt Ogens traça um perfil de quatro super-heróis da Hollywood Boulevard. Irregular e por vezes condescendente demais com os retratados, o longa, porém, é original na escolha do tema: acompanha de perto o dia-a-dia de pessoas que se fantasiam e deixam-se fotografar por turistas em troca de gorjetas.

Se a Mulher-Maravilha e o Incrível Hulk são atores ainda em busca de uma chance, o Batman (e também cover de George Clooney) tem um passado duvidoso e o Super-Homem é um caso à parte. Belíssimo caso para um psiquiatra (aliás, ele namora uma psicóloga) o ator passa quase o dia todo travestido de herói, tendo uma obsessão desenfreada pelo personagem e chegando a se casar fantasiado. Infelizmente, o filme não se interessa em identificar a complexidade do personagem que tem em mãos, nos deixando com as complicações que eles sofrem com a polícia e a revolta dos mesmos quando a gorjeta não vem.

Cotação (de 0 a 5): 3,0

Shame

A apresentação acadêmica de Mohammed Ali Navqui para esta co-produção dos Estados Unidos com o Paquistão não a deixa menos impactante. O documentário fala sobre Mukhtaran Mai, uma mulher num vilarejo paquistanês que, condenada por um conselho dos homens do local, é estuprada diversas vezes à vista de todos.  Mukhtaran, em vez de se calar, procura ajuda. Fará dessa tragédia em sua vida, uma luta não apenas por justiça, mas por um mundo melhor para os seus.

Não à toa, a platéia feminina foi às lágrimas assistindo a um dos mais bem acabados exemplos de ser humano. O pai, no final do filme, diz não saber o que fez para ter recebido uma filha tão excepcional de presente. Não sem razão: quisera todos nós tivéssemos um pouco da coragem, determinação e nobreza de Mukhtaran Mai.

Cotação (de 0 a 5): 4,5

Eu Sou Porque Nós Somos

O documentário é dirigido por Nathan Rissman, mas é a voz e as idéias de Madonna que conduzem a narrativa do mesmo. A cantora viaja até a o “continente negro” e nos apresenta o Malaui, pequeno país com um impressionante número: 1 milhão de crianças órfãs.

Sem perder o foco nas crianças e passando rapidamente por David – o filho que Madonna adotou por lá – o filme mostra a realidade desumana desse lugar esquecido pelo planeta e consegue tecer algumas soluções. Se em alguns momentos apela para um sentimentalismo desconcertante – chegando a mostrar crianças em caixões – no todo, o filme cumpre sua função: é didático, sem ser enfadonho e pragmático, como sua idealizadora.  A trilha, assinada pelo seu amigo e colaborador, Patrick Leonard, é eficiente e a explicação do título é algo que todos deveríamos guardar para sempre.

Cotação (de 0 a 5): 4,0

Patti Smith – Sonho de Vida

Patti Smith demorou mais de dez anos para concluir essa espécie de biografia em vídeo assinada por Steven Sebring.

Apesar de nos abrir a porta da casa de seus pais, mostrar-nos seus filhos, seu vestido favorito quando criança e nos convidar ao seu camarim (em certo momento você conhece até a mãe do Michael Stipe), o filme nos apresenta uma Patti bastante contemplativa, que ora visita o túmulo de seus poetas favoritos, ora elocubra sobre a morte prematura do irmão. Há boas performances da cantora, mas para uma Patti Smith muito mais visceral e contraditória, sugiro a leitura da biografia de Robert Mapplethorpe,  de Patricia Morrisroe, famoso e controverso fotógrafo que morreu de aids no final dos anos 80 e com quem Patti dividiu por dez anos a cama, as angústias, as bad trips, a inveja corrosiva e a obstinação quase destrutiva que ambos tinham pelo sucesso.

Aqui, no Digestão, você fica com o seu single de maior sucesso na parada de singles da Billboard e que não aparece no longa. Mesmo manjadíssima, uma das canções de amor mais belas e intensas já escritas: Because the Night.

Cotação (de 0 a 5): 3,5

Mais da Mostra: O retorno de Guy Ritchie (Rocknrolla), a decepção chilena (La Buena Vida), os inferninhos de São Paulo (Se Nada Mais Der Certo) e a realidade delirante e deslumbrante de Kaufman (Synédoque, Nova York)

Posted in A la carte with tags , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 24, 2008 by claesen

Tentar acompanhar as coisas mais interessantes da Mostra de SP é difícil. Uma aposta errada aqui, outro filme que sabe que vai estrear (mas não tem paciência para esperar) ali e chegamos ao final da primeira semana. Entre a perversão violenta da filha de David Lynch (Sob Controle), um perfil dos atores que se fantasiam na calçada da fama em troca de gorjetas (Confissões de Super-Heróis) e uma das constatações mais atuais sobre as relações de pais e filhos (Hanami), separei alguns títulos para falar um pouco.

SE NADA MAIS DER CERTO

O diretor José Eduardo Belmonte já havia flertado com as drogas e o discurso político-social em seu longa de estréia, o difícil e interessantíssimo A Concepção (2005). Agora, o diretor brasiliense traz as suas lentes do Planalto Central para o underground paulistano em Se Nada Mais Der Certo.

Com câmera na mão e cores estouradas nas imagens em que seus personagens circulam pelas ruas e pelos inferninhos, algumas cenas são desconfortáveis, lembrando Irreversível (2002), de Gaspar Noé. Mais à frente, você consegue entender que os personagens estão tão perdidos nesta megalópole que não é necessário definir tanto os lugares ou as imagens. Leo (Cauã Reymond) é um jornalista que veio de Brasília e vê tudo dar errado em São Paulo. Nada pode ficar pior do que está, certo? Errado. Para Leo sempre fica um pouco pior. Em sua vida, pelas boates da Rua Augusta ou em seu apartamento na Avenida Nove de Julho, cruzam-se Marcin (Caroline Abras, numa atuação excepcional), um traficante que ainda não se definiu de gênero; Angela (Luiza Mariani), uma anoréxica com um filho pequeno que ainda não descobriu o que fazer da vida para ganhar dinheiro e Wilson (João Miguel), um taxista sofrendo de depressão profunda. Todos com muitas contas pra pagar. Envolvem-se num plano que pode ser a salvação de todos, mas será que alguém consegue sobreviver na asfixiante e devoradora São Paulo? Alternam-se diálogos bem construídos com algumas cenas mal preparadas, mas a sequência do assalto usando máscaras de FHC e Sarney com debate entre Lula e Alkmin rolando pela tevê é, no mínimo, muito bem idealizada. A vitória no Festival do Rio parece um pouco exagerada, mas Belmonte tem muita coisa a discutir e vale a pena prestar atenção nele.

Cotação (de 0 a 5): 4,0

LA BUENA VIDA

Santiago, capital do Chile, é bastante explorada em suas ruas no longa do diretor Andrés Wood, La Buena Vida. Em seu filme anterior, Machuca (2004), considerado excelente por boa parte das pessoas, para mim faltava alguma coisa. Era como se você fosse apresentado a uma elaborada e emocionante história, mas não conseguisse se envolver com a mesma. De qualquer forma, haviam tantas qualidades que não poderia deixar de considerá-lo muito bom (mas não excelente). Agora, o problema piora em La Buena Vida.

Vários personagens têm suas vidas (mal) entrelaçadas na capital chilena. Ao som de uma trilha que, desnecessariamente, sublinha e coloca em negrito os sentimentos dos personagens, conhecemos Teresa, uma psicóloga que fala de sexo seguro para as prostitutas, mas não consegue se relacionar com a própria filha, que engravida aos 15 anos; Edmundo, um cabeleireiro sufocado pela mãe, que não consegue se envolver com ninguém e Mário, um clarinestista obcecado com a idéia de entrar para a Filarmônica. As interpretações, em sua maioria, são distantes e não criam nenhuma empatia – a do músico lembra Ben Whishaw, o insípido protagonista de O Perfume (2006). Com o propósito de discutir os anseios dos personagens, o filme fica bastante à margem disso e você, como um tapa na cara que um dos personagens recebe em certo momento e nem se apercebe do tamanho do ato, sai ileso.

Cotação (de 0 a 5): 2,5

ROCKNROLLA

É irônico lembrar que Guy Ritchie, um cineasta promissor, afundou-se profissionalmente logo após casar-se com Madonna e, justamente uma semana depois do fim da relação de quase oito anos, ele volte à boa forma. Sim, Rocknrolla tem todos os ingredientes dos filmes de Ritchie. Anos depois, o cineasta retorna com suas doses certas de sarcasmo, violência, drogas e submundo londrino.

Com uma narração em off, somos apresentados aos diversos personagens que só têm um único interesse: dinheiro. Mr. One Two (o bonitão Gerard Butler, de 300) e sua Quadrilha Selvagem tentarão passar a perna no poderoso Lenny (Tom Wilkinson, sempre ótimo) que está envolvido com a máfia russa e possui um enteado junkie e rock star que finge estar morto para vender mais discos. A contadora Stella (a linda Thandie Newton, de Crash) é peça chave no esquema fraudulento. Interessante notar que cenas calmas estão intercaladas com as cenas violentas, quando estas aparecem, produzindo um efeito dilacerantemente bom. Ao som de Rock’n’roll Queen, dos Subways, está uma das mais eletrizantes delas. No fim, Rocknrolla é mais do mesmo de Guy Ritchie: tudo o que ele sabe fazer de melhor está de volta. E para quem leu a recente biografia de Madonna, de Lucy O’Brien, e estava torcendo o nariz para Ritchie por conta de sua homofobia latente, um aviso: irão se surpreender.

Cotação (de 0 a 5): 4,0

SINÉDOQUE, NOVA YORK

Foi com pé atrás que adentrei à sessão de Sinédoque, Nova York. Pelos corredores da Mostra falava-se da linguagem difícil do filme, do nonsense, de você se sentir burro ou idiota vendo um filme que não parece ter sentido. Se Charlie Kaufman não fosse um roteirista – e agora cineasta – ele seria psquiatra. A pergunta que fica após o seu filme é: ou ele tem uma mente anos-luz à frente da humanindade (e daí explicaria-se o seu reconhecimento como criativo e genial roteirista) ou ele tem uma compreensão mais profunda e elaborada do ser humano do que a média (daí minha referência à psquiatria).

Depois de assinar roteiros premiados (Quero Ser John Malcovich, Adaptação e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, entre outros), Kaufman estréia na direção com uma história escrita por ele e, na minha opinião, a sua obra-prima. Caden (Philip Seymour Hoffman) é um dramaturgo hipocondríaco que vê, atordoado, as mulheres passarem pela sua vida. Com a ex-mulher, Adele, ele será marcado pelo fracasso; com Hazel perseguirá um amor platônico e com Ellen descobrirá o que, afinal, estamos fazendo aqui e qual nossa relação com o resto do mundo. Reencenando, nos ensaios de um espetáculo, sua própria vida, o jogo começa e a viagem de Caden é perturbadora.

No final do filme, os mesmos comentários dizendo tratar-se de algo hermético, cansativo ou que “a segunda metade do filme poderia ser engraçada como a primeira”. Não é pretensão minha dizer que Charlie Kaufman não é pra todos. Dê uma olhada no time de feras (femininas) que compõem o elenco dessa jornada e prepare-se para uma viagem desconcertante e arrebatadora:

Cotação (de 0 a 5); 5,0

Mostra de SP: Última Parada 174, Ninho Vazio e O Casamento de Rachel

Posted in A la carte with tags , , , , , , , , on outubro 22, 2008 by claesen

Entre algumas viagens à Bolívia (El Regalo de la Pachamama e A Rota do Guerreiro) e um documentário para refletir sobre o vício do cigarro (Fumando Espero) selecionei três filmes para comentar no Digestão:

ÚLTIMA PARADA 174

Bruno Barreto é um cineasta bastante irregular, mas longe de merecer as caretas que recebe quando o seu nome é pronunciado numa conversa. Vale lembrar pela milionésima vez que é dele a maior bilheteria do cinema brasileiro em todos os tempos (Dona Flor e Seus Dois Maridos, mais de 10,5 milhões de espectadores em 1976), o que não é pouca coisa. Dirigiu também A Estrela Sobe (1974) e o delicioso Romance da Empregada (1987), dando à Betty Faria dois de seus maiores personagens no cinema.

Em Última Parada 174 muito se questionou a sua escolha por uma tema já explorado com sucesso por José Padilha em Ônibus 174 (2002). A intenção de Barreto foi mostrar, em forma de ficção, um retrato de Sandro Nascimento, o sequestrador do ônibus. O diretor explora o fato da “troca de identidades”: a mãe de Sandro, Marisa, perde o filho ainda bebê para o tráfico de drogas. Anos depois, ela acredita que Sandro é o filho por quem sempre procurou. Quem conduz a narrativa são dois Sandros (ou Alês): o sobrevivente da candelária, que cai no universo das drogas quando adolescente e o outro (o verdadeiro filho de Marisa) que cresceu entre os traficantes, já escolado pela vida e irá se tornar o melhor amigo de seu xará.

Aplausos para a direção de arte, fotografia e trilha, todas muito bem elaboradas. O elenco principal (todo composto por atores desconhecidos) é, salvo pequenos deslizes, muito competente e de uma visceralidade notável – o mesmo não se pode dizer de alguns coadjuvantes com interpretações frias e mecânicas. Mas o que importa mesmo e onde Próxima Parada deixa a desejar é entender porque depois de duas, três, quatro chances que a vida lhe dá, Sandro sempre escolhe o caminho errado. Levasse o foco para dentro de Sandro em vez de se preocupar com a troca de identidades e a marginalidade ao seu redor, talvez tivesse sido o diferencial.

Cotação (de 0 a 5): 3,5

NINHO VAZIO

A sinopse de Ninho Vazio do argentino Daniel Burman (O Abraço Partido, 2004) diz tratar-se de um casal que, após ver seus filhos crescerem e saírem de casa, irá perceber as rachaduras do casamento. Mas Ninho Vazio é muito menos sobre reaver o que foi perdido numa relação de décadas e mais sobre como um homem encara a sua própria existência.

A excelente Cecilia Roth (Kamchatka, Tudo Sobre Minha Mãe) é Martha, a esposa que abdicou de sua vida para cuidar do marido e dos filhos e, agora, resolve recuperar o tempo perdido voltando à universidade. Acostumada às protagonistas, Cecilia é, aqui, uma coadjuvante de luxo, pois o olhar do filme é indiscutivelmente masculino. Iremos nos aproximar mesmo é de Marchetti (Carlos Bermejo), o dramaturgo que sofre da famosa crise de meia-idade. Seus filhos se foram, a esposa está cuidando de sua própria vida e lhe vem uma necessidade de buscar algo mais em sua vida e entender as escolhas do passado. Ele começa a sentir saudade de coisas que não viveu. Ou as teria vivenciado?

A sua obsessão por uma mulher mais nova – a sua dentista – não resume e nem resolverá os seus problemas, mas é parte fundamental da busca que o personagem persiste por todo o filme. Mais do que salvar o casamento ou conquistar o seu objeto de desejo, o que ele procura é conhecer a si mesmo. A trilha alterna-se entre o jazz típico das produções de Woody Allen, nos momentos descontraídos e nonsense, a um acompanhamento onipresente e chato que mal deixa três segundos de silêncio para o personagem refletir. Não é uma obra-prima, mas Burman continua construindo uma sólida carreira cinematográfica.

Cotação (de 0 a 5): 4,0

O CASAMENTO DE RACHEL

Badalado nos Estados Unidos – o filme aparece nas pré-listas do Oscar nas categorias de melhor atriz, atriz coadjuvante, diretor e até filme – O Casamento de Rachel tem um paralelo com outro filme que trata do relacionamento de duas irmãs ante a união de uma delas, Margot e o Casamento (2007, lançado diretamente em dvd no Brasil).

Mas enquanto em Margot temos uma Nicole Kidman antipática no limite do insuportável, neste filme há a iluminada presença de Anne Hathaway. E não apenas ela. Todo o elenco está em ótima forma. Apesar das poucas cenas, Debra Winger faz um belo retorno como a mãe um tanto distante das duas irmãs. A cena do confronto entre Kym (Hathaway) e Abby (Winger) é daquelas que aparecem na noite do Oscar quando e se uma das duas for indicada ao prêmio. Aliás, confrontar é o verbo favorito de Kym, deixando os ensaios do casamento de Rachel (Rosemarie DeWitt) no limiar de um desastre.

No entanto, mesmo tendo material riquíssimo nas mãos, Jonathan Demme perde longuíssimos e intermináveis minutos em momentos de celebração. Não que quisêssemos ver pancadaria full time na tela, mas com o propósito de mostrar a união e confraternização de uma família que sobrevive apesar de tudo, sobra menos tempo para explorar mais nuances da personagem e dar mais atenção a coadjuvantes importantes, como a própria Abby.

Anne Hathaway consegue seu melhor desempenho e papel no cinema até agora e faz jus aos comentários de forte candidata ao Oscar de Melhor Atriz. Já roteiro e direção são apostas altas demais para um filme que poderia ser muito mais do que é e num ano de dramas do peso de Milk, Revolutionary Road, Changeling e Slumdog Millionaire.

Cotação (de 0 a 5): 3,5

Mostra Internacional de SP: Balanço do primeiro final de semana

Posted in Buffet variado with tags , , , , , , , , , , , , , on outubro 20, 2008 by claesen

Difícil fazer um post para cada filme, uma vez que lugar de cinéfilo em época de Mostra é no cinema e não em casa, na frente do computador. Bom, mas até porque pedem-me indicações todos os dias e uma vez que um dos assuntos principais do Digestão é cinema, vamos a um resumo dos primeiros dias.

A Mostra para mim começou com os irmãos Coehn. Como bem disse Pedro Butcher na Ilustrada, nenhum cineasta americano soa tão desesperançoso como eles. Mesmo Queime Depois de Ler sendo uma comédia – e provocar boas gargalhadas – não espere sair do filme leve como se tivesse visto Kate Hudson escrevendo artigos sobre relacionamentos. Não, os irmãos Coehn são sombrios até quando fazem graça.

Foi em outra comédia a minha aposta seguinte, Rebobine, Por Favor. Dirigida pelo francês Michel Gondry, de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembraças, o filme é de um nonsense sem par. Protagonizado por Jack Black, ótimo humorista, mas afetado demais neste filme, o filme parte (assim como Brilho) de uma ótima premissa, mas que se esvai no decorrer do longa. A platéia – com mais moderninhos do que o clube Glória em suas festas fashionistas – parece não ter se importado. Riu a valer com as desventuras de dois trapalhões tentando salvar uma videolocadora. Com um final catártico e lacrimoso, eu boto minha mão com unhas roídas no fogo se ele não fizer tremendo sucesso quando estrear no circuito.

Tedium, por outro lado, é o tipo de filme que dificilmente estreará. Apesar de produções iranianas serem comuns nas telas de São Paulo, um docu-drama sobre transexuais do oriente médio não é exatamente um chamariz para público. Mas posso estar enganado. É louvável a coragem de se fazer um filme como esse, mesmo que o formato deixe bastante a desejar. Mas nada foi tão decepcionante como Alvorada em Sunset. O longa americano mostra a reunião de oito diferentes duplas em quartos no mesmo hotel. Com a premissa de refletir sobre as relações numa terra de aparências como Hollywood, o filme torna-se risível: malfeito, mal-editado e mal-interpretado, ele reume-se basicamente a uma piada só para cada situação. Exceção honrosa é a dupla formada por uma lésbica quarentona e uma massagista. Com reflexões bem colocadas e tiradas no lugar certo, é uma pena elas serem apenas 1/8 do filme.

O Silêncio de Lorna confirma que a Bélgica nos deu muito mais do que as batatas fritas, Tintin e o sobrenome Claesen desse jornalista. Estou falando dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne. Presença constante no Festival de Cannes, a dupla mais uma vez utiliza-se de personagens marginais para tecer uma história muito bem construída. Mais sobre ele, eu escrevo quando o filme estrear (em São Paulo, isto deve acontecer em novembro).

O Mix Brasil é apenas no próximo mês, mas Aquarela levou à sala o público que costuma lotar o festival de André Fischer. O filme contém boa parte do que os gays já passaram: o primeiro beijo, a primeira transa, o momento de contar para a mãe, a surra no colégio. A embalagem do longa é cafona até dizer chega (o piano na trilha sonora e a angústia do protagonista que não consegue se ver livre dos fantasmas do passado não descem), mas há coisas pertinentes por ali.

E encerrando meu primeiro final de semana na Mostra, há Gomorra (foto). Difícil imaginar que um filme me cause tamanho impacto durante o restante do festival. Antes mesmo do título aparecer na tela, o banho de sangue já teve início e muito sangue irá jorrar ainda para falar da Camorra, poderosa e temida organização criminosa italiana que movimenta milhões de euros e esteve envolvida até na reconstrução das torres gêmeas de Nova York. Diversos personagens cruzam-se num conjunto de prédios em que não há meio termo: ou você está contra ou a favor da máfia. “É a guerra”, frase que é ouvida repetidamente, através das paredes esburacadas, tanto por quem já está no fim da vida, como por quem mal terminou de brincar e já pega em armas e repassa drogas.

Não há concessões na trama de Matteo Garrone. Não se apegue a nenhum dos personagens, pois não haverá compaixão para os mesmos. A efeciente e pontuada trilha sonora marca o ritmo de uma trama intensa, precisa e irretocável. Tire as piadas de Cidade de Deus, acrescente os melhores momentos da crítica política e social que o cinema italiano já apresentou e você terá Gomorra. Segue o trailer:

Para voltar a falar de música: Empire Of The Sun

Posted in Al dente with tags , , on outubro 18, 2008 by claesen

Novidade australiana, o Empire Of The Sun acaba de lançar seu primeiro álbum, Walking On A Dream. Por enquanto, só em sua terra natal.

A voz do cara é idêntica à do Andrew do MGMT ou é tensão pré-show deste jornalista? Tem até uma das faixas dos aussies no seu myspace que lembra o MGMT.

Confira aqui a faixa título, bem pop delícia:

Queime Depois de Ler: Personagens à beira de um ataque de nervos

Posted in A la carte with tags , , , , on outubro 17, 2008 by claesen

Osbourne Cox é um agente da CIA que perde o emprego. Ele tem um casamento burocrático com Katie “uma vaca fria e egocêntrica”, segundo a mullher de Harry. Quem é Harry? Um investigador que tem o hábito de correr vários quilômetros após transar. E ele transa muito, já que é casado com Sandy, tem caso com Katie e conhece Linda. Linda who? Linda Litzke, uma recepcionista quarentona de academia que precisa a todo custo levantar os seios e fazer outras três cirurgias para que “não apenas os loosers olhem para mim”. Palavras dela, ok? Ela encontra informações confidenciais de Cox, que partiram de Katie e entrega nas mãos de Chad, um personal trainner, que poderia ser muita coisa na vida, menos um chantagista ou um espião, papéis que irá desempenhar em conluio com Linda.

Achou confuso? Meia hora depois você já se envolveu nas tramas de Queime Depois de Ler, novo longa dos irmãos Joel e Ethan Coehn, apresentado pela primeira vez em São Paulo na Mostra Internacional de Cinema nesta sexta. Conciliar violência, uma trama de espionagem e humor negro é uma combinação bastante delicada, mas não para eles. Reverenciados pelo cult Gosto de Sangue (1984), de lá para cá alternaram-se entre comédias adultas excepcionais, como O Grande Lebowski (1998) e dramas pesados, como Onde Os Fracos Não Têm Vez (2007). Não foi difícil unir estes ingredientes e fazer de Queime Depois de Ler um filme encantadoramente sufocante.

À certa altura, o ex-agente da CIA já está andando às ruas com uma machadinha nas mãos, sua esposa Katie quase estrangulando uma criança no consultório (ela é médica), Harry continua sendo msiteriosamente seguido – com uma trágica consequência a caminho – e Linda vai parar na embaixada russa num ato desesperado para ainda tentar fazer as suas plásticas.

Brad Pitt, o avoado Chad, tem mais uma vez um bom desempenho num papel quase debilóide como em Snatch – Porcos e Diamantes (2000), George Clooney e Tilda Swinton repetem a boa dobradinha de Conduta de Risco (2007) e Frances McDormand, bem, faz jus à última mulher de diretor no mundo que estaria no elenco por ser mulher do diretor. Não é à toa ela ser venerada pelos colegas de profissão.

Trilha sonora e montagem espertas, provando que mesmo fazendo um filme apenas para diversão, os Coehn fazem bem feito.

Cotação (de 0 a 5): 4,5 – Iguaria fina